O que é um tatu ?

 Tatu ou armadilho (em Portugal) é uma denominação comum a mamíferos pertencentes à ordem Cingulata e família Dasypodidae. Caracteriza-se pela armadura que cobre o corpo. Nativos do continente americano, os tatus habitam as savanas, cerrados, matas ciliares e florestas molhadas. Têm importância para a medicina, uma vez que são os únicos animais, para além do homem, capazes de contrair lepra, sendo usados nos estudos dessa enfermidade.

lepra pode ser transmitida pelo consumo da carne do tatu de modo que caçar ou comer tatus expõe ao risco de pegar lepra.[1]


Os tatus tem grande importância ecológica, pois são capazes de alimentar-se de insetos (são, portanto, animais insetívoros), contribuindo para um equilíbrio de populações de formigas e cupins. Na Universidade da Região da Campanha, em Alegrete, no Rio Grande do Sul, no Brasil, uma pesquisa sobre a dieta dos tatus revelou que um único exemplar de tatu-mulita (Dasypus hybridus) com 2,5 quilogramas de peso é capaz de consumir 8 855 invertebrados em uma única noite.

Quando estes animais são caçados pelo[4] seu valor cinegético (caça para alimento), acaba por se desequilibrar o ecossistema, pois se extermina um controlador natural de insetos[5], favorecendo o aumento destes invertebrados e resultando em problemas econômicos para[6] a região.[7]





A maior parte dos nativos da América do Sul apreciavam a carne do tatu pura ou como ingrediente em outros pratos, bem como utilizavam sua carapaçarabo e ossos para a confecção de utensílios.[8] Um dos mais conhecidos artefatos elaborados a partir da carapaça do tatu é o charango, instrumento cordófono de origem boliviana. O nome do instrumento em Quechua é quirquincho (kirkinchu), que quer dizer justamente "tatu". Atualmente, o instrumento é confeccionado totalmente em madeira

Usando fumaça para da tocaOs Cinta Larga de Mato Grosso e Rondônia capturavam o tatu inserindo fumaça na sua toca.[9]

Aaru era um beiju feito com massa de mandioca e tatu moqueado pelos Nambiquara do Mato Grosso e Rondônia. Os Xicrin do Pará usavam o rabo de tatu para confeccionar flauta, com a qual anunciavam sua chegada a aldeia amiga e eram recebidos pelos habitantes com sons emitidos por instrumentos semelhantes.[10]

Cestos eram confeccionados com a carapaça do tatu.[11] Os Kaxinawá do Acre e Peru empregavam, muito antes do contato com os europeuslinha de envira e anzol confeccionado com a junção do cúbito e o rádio do tatu.[12] Moças menstruadas dos Uanana do Amazonas podiam se alimentar da formiga maniuara e do beiju. O peixe jeju ou carne de tatu eram os alimentos indicados após o rito de flagelação. Acreditavam que a carne do tatu era composta pelas carnes de todos os outros animais.[10]








Vive em habitats como o Pantanal, Cerrado, Amazônia e em poucos remanescentes de Mata Atlântica, principalmente longe de zonas povoadas. Este animal vive muito mal em cativeiro, por isso é difícil encontrá-lo em zoológicos. Ele faz parte das 207 espécies de animais que estão ameaçados de extinção, apesar de serem protegidos por lei. Um estudo a longo prazo da espécie na Amazonia Peruana, usando armadilhas fotográficas nos buracos que a espécie faz revelou que eles atuam como engenheiros de hábitat, criando importante hábitat fossorial para dezenas de outras espécies, inclusive para o ameaçado cachorro do mato de orelhas curtas (Leite Pitman et al. 2004).















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